[:en]Do You Have an Innovation Mindset?[:pt]Tem uma Mentalidade Inovadora?[:]

[:en]Last month, I was at the University of Aalto in Helsinki to participate in activities related to entrepreneurship and innovation. This university is currently a reference in these fields that began with a student-led movement. In 2008 students founded the Aalto Entrepreneurship Society (Aaltoes), and managed to involve Tina Seelig, a well-known Stanford professor, as a mentor. In 2009 they started an acceleration program that is now called Startup Sauna and found that Aalto’s professors needed a better understanding on what was happening in entrepreneurship education in Silicon Valley. In 2011 they got the remarkable achievement of having Steve Blank spend a week in Helsinki. I have already written about Steve Blank in this chronicle (“Lean Startup: a New Diet?“) and his visit resulted in a brainwash of university leaders. The results are now visible with the annual creation of 70 to 100 companies in the Aalto ecosystem, accounting for about half of Finland’s university startups.

One of the most notable aspects of this transformation is its origins in a large number of students with the capacity to think and act in an innovative way. I do not see this innovative mentality so widespread among university students in Portugal. Is this one of the results of the well-known quality of education in Finland? When we evaluate the quality of education we think essentially on the knowledge transmission. Can learning processes convey knowledge and simultaneously change mindsets? Those owho teach innovation and entrepreneurship believe that it is.

Before proceeding with this chronicle, I propose that you use the questionnaire provided by the University of Berkeley and get a measure of your innovation mindset. I urge you to go to http://berkeleyinnovationindex.org, respond to the first questionnaire (Individual Survey) and provide at the end your email address to receive your evaluation report.

Now that you have answered the questionnaire I can explain to you how it was designed without influencing its results. The Berkeley Innovation Index was created based on the principle that there are sociopsychological behaviors common to entrepreneurs and innovators. From these behaviors, the ones that could be tested with questions already validated in previous works were selected. These questions were then assessed and selected for their efficiency in order to reduce redundancy.

As you may have seen, your results are presented in 7 dimensions. The first is trust, that is, your ability to trust others and their altruism. The resilience measures how to accept failure and error in a cycle of experimentation, analysis, and adaptation. The diversity evaluates your ability to connect and empathize with strangers. Mental strength indicates the confidence in your ability to change the world. Collaboration measures your openness to teamwork and your willingness to collaborate with your competitors. The measure of sensitivity to resources indicates your ability to perceive that perfect is the enemy of the good and that good enough is perfect. Finally, the size of the innovation zone measures your capacity to deal with uncertainty.

The application of this questionnaire to a 4-day entrepreneurship course in Berkeley with 100 students showed that there is a positive and significant effect on the results of the innovation mindset measured before and after the course. Other studies and other metrics show the positive effect of experiential learning models where students apply the acquired knowledge to problems with incomplete data, no single solutions, and near-real-life situations. One of the activities we held in Aalto was precisely the “Aalto Entrepreneurial Education Summit” where we involved professors from non-entrepreneurship courses from various European universities. The aim was to show them that well-designed learning models can help develop the innovative mentality of their students. For example, in the case of project-based engineering courses, it is advantageous for each group to develop a different project, with an incomplete specification, with a client or user other than the teacher and with different possible solutions. In this model, the role of the teacher is to validate the correct application of knowledge, allowing students the freedom to validate the solution with the client or the user. We expect that interventions of this type along the academic path of the student will have a significant impact on the capacity of innovation of future graduates. And has this chronicle changed your innovation mindset? You may check-it it by going back to the questionnaire.

Adapted from my article in Jornal i, Jan 7th, 2019[:pt]No mês passado, estive na Universidade de Aalto, em Helsínquia, para participar em atividades relacionadas com o empreendedorismo e a inovação. Esta Universidade é uma referência nestes domínios que começou num movimento liderado por alunos. Em 2008 fundaram a Aalto Entrepreneurship Society (Aaltoes), conseguindo envolver como mentora Tina Seelig, uma conhecida professora de Stanford. Em 2009 iniciaram um programa de aceleração que hoje se chama Startup Sauna e verificaram que os professores de Aalto precisavam de perceber melhor o que se passava no ensino do empreendedorismo em Silicon Valley. Em 2011 conseguiram o feito notável de fazer com que Steve Blank passasse uma semana em Helsínquia. Já escrevi sobre Steve Blank nesta  crónica (“Lean Startup: Uma Nova Dieta para Emagrecer?”, 21-11-2017) e a sua visita produziu uma “lavagem cerebral” aos dirigentes universitários. Os resultados são agora visíveis com a criação anual de 70 a 100 empresas no ecossistema de Aalto, correspondente a cerca de metade das startups universitárias da Finlândia.

Um dos aspetos mais notáveis desta transformação é o de ter origem num elevado número estudantes com capacidade de pensar e agir de forma inovadora. Não vejo esta mentalidade inovadora tão generalizada entre os estudantes universitários em Portugal. Será este um dos resultados da reconhecida qualidade do ensino na Finlândia? Quando avaliamos a qualidade do ensino pensamos essencialmente na transmissão de conhecimentos. Poderão os processos de aprendizagem transmitir conhecimento e, simultaneamente, mudar mentalidades? No ensino da inovação e do empreendedorismo acreditamos que sim.

Antes de prosseguir com a leitura desta crónica proponho que utilize o questionário disponibilizado pela Universidade de Berkeley e obtenha uma medida da sua mentalidade inovadora. Peço-lhe que vá ao site http://berkeleyinnovationindex.org e responda ao primeiro questionário (Individual Survey) dando, no final, um endereço de correio eletrónico para receber o seu relatório de avaliação.

Agora que já respondeu ao questionário posso explicar-lhe a forma como foi concebido sem influenciar os seus resultados. O Berkeley Innovation Index foi criado com base no princípio de que existem comportamentos sociopsicológicos comuns aos empreendedores e inovadores. Desses comportamentos foram selecionados aqueles que poderiam ser testados com questões já validadas em trabalhos anteriores. Essas questões foram depois ensaiadas e selecionadas pela sua eficiência e de forma a reduzir a redundância.

Como terá visto, os seus resultados são apresentados em 7 dimensões. A primeira é a confiança, ou seja, a sua capacidade de confiar nos outros e no seu altruísmo. A resiliência mede a forma com aceita o fracasso e o erro num ciclo de experimentação, análise e adaptação. A diversidade avalia a sua capacidade de se ligar e de ter empatia com estranhos. A robustez mental indica a confiança na sua capacidade de poder mudar o mundo. A colaboração mede a sua abertura ao trabalho em equipa e a sua aceitação em colaborar com os seus competidores. A medida da sensibilidade para os recursos indica a sua capacidade de perceber que o ótimo é inimigo do bom e que o suficientemente bom é perfeito. Finalmente a dimensão da zona de inovação mede a sua capacidade de lidar com a incerteza.

 

A aplicação deste questionário a um curso de empreendedorismo de 4 dias em Berkeley com 100 estudantes mostrou que há um efeito positivo e significativo nos resultados da mentalidade inovadora medidos antes e depois do curso. Outros estudos e outras métricas mostram o efeito positivo de modelos de aprendizagem experiencial onde os alunos aplicam os conhecimentos adquiridos a problemas com dados incompletos, sem soluções únicas e em situações próximas da vida real. Uma das atividades que realizámos em Aalto foi precisamente a “Aalto Entrepreneurial Education Summit” onde envolvemos professores de áreas não ligadas ao empreendedorismo vindos de várias universidades europeias. O objetivo foi o de lhes mostrar que certos modelos de aprendizagem podem ajudar a desenvolver a mentalidade inovadora dos seus alunos. Por exemplo, no caso de cadeiras de projeto em engenharia, há vantagem em que cada grupo desenvolva um projeto diferente, com uma especificação incompleta, com um cliente ou utilizador que não seja o professor e com várias alternativas de solução. Neste modelo, o papel do professor é o de fazer a validação da correta aplicação dos conhecimentos tendo os estudantes a liberdade de validar a solução com o cliente ou com o utilizador. Contamos que intervenções deste tipo ao longo do percurso académico do estudante tenham um impacto significativo na capacidade de inovação dos futuros diplomados. E será que esta crónica alterou a sua mentalidade inovadora? Poderá sabê-lo voltando a responder ao questionário.

 

Adaptado da minha crónica no Jornal i de 7 de janeiro de 2019[:]